'Banhá', 'te aquieta', 'mermã': Conheça jeitinho especial de falar que o tocantinense construiu ao longo de 34 anos


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Jeitinho de falar do tocantinense mistura expressões de várias regiões do Brasil — Foto: Alan Schneider/ G1
Jeitinho de falar do tocantinense mistura expressões de várias regiões do Brasil — Foto: Alan Schneider/ G1

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Seja na rua, na porta da casa da vizinha, na pracinha da cidade ou em um bate papo por telefone. Quando dois ou mais moradores do Tocantins se juntam para conversar, pode esperar que lá vêm expressões regionais, um tanto engraçadas para quem ouve pela primeira vez.

Por exemplo, aqui os moradores usam 'siá', 'fia' ou 'muié' para se referir a pessoas próximas ou até desconhecidas. Tem também os clássicos "bem aqui e bem ali", que se diz fazendo um biquinho com os lábios. E ainda "canguina, desapiar, estruir", e tantas outras.

Para quem ainda não entendeu, a gente explica:


- Siá ou siázinha, muié, merirmã, fia - para se referir a alguma pessoa;

- Canguina ou canguinha - pessoa sovina, murrinha, mesquinha, pão dura, que gosta de ser servida e não gosta de servir, que gosta de tomar emprestado e não gosta de emprestar;

- Desapiar - descer;

- Estruir - destruir, causar estragos, desperdiçar;

- Arrodeia - dar a volta em alguma coisa;

- Brocado - com fome;

- Te aquieta - para com isso ou deixa disso;

- Banhá - ato de tomar banho.

Nessa quarta-feira (5), quando o Tocantins completa 34 anos, o g1 destaca o jeitinho especial de falar que o tocantinense vem construindo ao longo dessas mais de três décadas.

A professora do curso de letras e de pós-graduação do campus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Greize Alves da Silva, explicou que o dialeto próprio do estado ainda está em construção.

A linguagem recebe influências, principalmente dos estados vizinhos, como Pará, Maranhão e Bahia. Esse dialeto muda, a depender da região do Tocantins, segundo estudo feito pela pesquisadora.

Uma delas é a comerciante Tainara Zandonadi Ferreira, de 34 anos. De São Paulo, ela desembarcou na capital tocantinense em 2010 e já notou uma linguagem bem diferente.

"No começo, eu achei estranho alguns dialetos. O povo fala aqui: 'Vou banhá'. E na minha região falamos: 'Vou tomar banho'. Então 'banhá' para mim era de rio. Então, isso foi um pouco estranho. As pessoas também achavam que eu falava um pouco diferente".


O tempo foi passando e não teve jeito. Quando Tainara se deu conta, já tinha incorporada essa linguagem característica do Tocantins. "Eu já incorporei várias coisas: 'siá, mulher, uai'", conta sorrindo.


Fonte: G1/TO

Tags : gírias, Tocantins, jeito de falar

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